A Campbell abajur, a bicharada dos Campana, a Starck estampada e a Arad arredondada: com grife
Em meio à decoração predominante nos ambientes modernos – monocromática e minimalista –, uma cadeira como a Eudora, criada pelo americano Critz Campbell, chama a atenção. Mais ainda se ela estiver ligada na tomada. Sim, a cadeira acende como um abajur, graças a uma lâmpada fluorescente interna, iluminando a estampa à moda das vovós. Assim como ela, outras cadeiras de cores vivas, com desenho inusitado e, sempre, sempre assinadas por grandes nomes do design, têm conquistado um lugarzinho em salas de estar onde costumavam imperar apenas as linhas mais despojadas. Nem sempre são práticas ou fáceis de combinar, mas esse é justamente o desafio mais instigante para quem quer ter um móvel Philippe Starck ou Ron Arad no meio da sala. Estes dois, aliás, foram responsáveis por algumas das sensações do Salão Internacional do Móvel em Milão, no mês passado – onde predominou, na bem-humorada descrição do jornal The New York Times, um "barroco de tecnologia de ponta", cheio de estampas de rosas que lembram o velho chintz, só que cortadas a laser. Da imaginação fervilhante do badalado Arad vieram as poltronas arredondadas da Spring Collection, com desenho floral, que só devem chegar às lojas no fim do ano. Na mesma época será possível comprar a Mademoiselle, do francês Philippe Starck – o guru do design moderno, que no Salão de Milão nunca falha em lançar uma cadeira que vira mania mundial. Desta vez, ele acrescentou ao acrílico transparente que é sua marca registrada um vistoso assento estampado (rosas, naturalmente), ao preço de 350 euros (equivalente a pouco mais de 1 160 reais) cada peça.
"Houve um esgotamento da linguagem estética, em que nada era colorido e as formas eram restritas à função do objeto. Hoje, existe uma preocupação maior com formas mais orgânicas, cheias de curvas", analisa Suzana Padovano, coordenadora do curso de desenho industrial da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), de São Paulo. No Brasil, as experimentações não causam espanto. "Como nosso parque industrial não é tão desenvolvido, é difícil produzir peças com tecnologia avançada. Por isso, nosso design tem um viés mais criativo", diz Renato Santomauro, professor de um curso de cadeiras do Senac de São Paulo. Os maiores expoentes dessa linhagem são os irmãos Fernando e Humberto Campana, que no início do ano apresentaram sua mais divertida criação do gênero, a Banquete, que vem em duas versões: com setenta ou com cinqüenta bichos de pelúcia. Por enquanto, só existem protótipos à espera de interessados.
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